Satélites ajudam a monitorizar a pesca industrial em áreas marinhas protegidas
Dois estudos recentes mostram como imagens de satélite e inteligência artificial (IA) estão a transformar a vigilância de áreas marinhas protegidas (AMP) em todo o mundo, incluindo Portugal. Estas tecnologias permitem analisar padrões de pesca industrial e monitorizar em tempo real a atividade humana nos oceanos, contribuindo para a preservação dos ecossistemas marinhos.
Atualmente, cerca de 8% dos oceanos estão formalmente protegidos, com a meta global de triplicar essa área até 2030. A preocupação de muitos especialistas é que a expansão rápida das AMP possa resultar em áreas protegidas apenas “no papel”, sem fiscalização efetiva. Os novos estudos, porém, revelam que AMP com proibições rigorosas de pesca industrial apresentam baixos níveis de pesca ilegal, demonstrando que a proteção eficaz é possível e mensurável.
Como funcionam os satélites
Os investigadores usaram satélites de radar de abertura sintética (SAR) para identificar navios de pesca industrial dentro das AMP. A combinação com algoritmos de IA permitiu processar grandes volumes de dados e detectar padrões de atividade de pesca, mesmo em áreas remotas. Este método fornece uma visão global e detalhada do comportamento da frota pesqueira, ajudando a avaliar a eficácia das políticas de proteção marinha.
Além disso, estas tecnologias permitem comparar o impacto de diferentes níveis de proteção, mostrando que quanto mais restritiva a regulamentação da AMP, menor a presença de pesca industrial. Os dados recolhidos também podem apoiar decisões políticas e estratégicas, como a definição de novas áreas protegidas ou o reforço de fiscalização em zonas vulneráveis.
Benefícios para a conservação marinha
O uso de satélites e IA oferece uma ferramenta poderosa para garantir a sustentabilidade dos oceanos. Ao permitir a vigilância contínua das AMP, os investigadores podem identificar e mitigar atividades ilegais, monitorizar a regeneração de populações de peixes e avaliar o impacto das políticas de conservação.
Além de proteger a biodiversidade, esta abordagem tecnológica fornece dados confiáveis para planeamento ambiental, gestão de recursos marinhos e pesquisa científica, reforçando a capacidade de ação de governos, organizações ambientais e comunidades costeiras.
Um futuro mais protegido
Estes estudos demonstram que o oceano já não é demasiado grande para ser monitorizado. A combinação de tecnologia avançada, dados de satélite e políticas rigorosas permite transformar o conceito de proteção marinha em resultados concretos. À medida que a meta global de proteger 30% dos oceanos até 2030 se aproxima, estes métodos mostram que é possível garantir que as AMP sejam áreas efetivamente seguras e sustentáveis para a vida marinha e para as comunidades que delas dependem.